..
29/05/2009
“CONTROL C – CONTROL V”: QUEM COPIOU DE QUEM?
03/04/2008
POLÍTICA DO BLOG
23/03/2007
Liminar
DECISÃO DA JUSTIÇA SUSCITA DEBATE SOBRE JORNALISMO POLICIAL-
.
Na semana passada, o Ministério Público convocou as emissoras de televisão da Paraíba, a fim de debater o problema da divulgação de cenas de violência nos telejornais. Ao fim da reunião, os representantes das emissoras assinaram um termo de ajustamento de conduta, comprometendo-se a evitar o uso de imagens mais fortes. A TV Correio, porém, segundo o Ministério Público, foi a única que não enviou representante ao encontro, fato que teria justificado a liminar.
Ainda na sexta-feira, o apresentador do Correio Verdade, J. Júnior, comentou, durante o programa, a decisão: “É uma ordem judicial, e ordem judicial se cumpre. Mas, e agora? A verdade continuará nas ruas, mas a gente não pode mostrar; eu não mostro, mas a população vê. Dizem que é para proteger. Proteger o que? Os casos que eu mostro aqui, são cheios de gente em volta, as crianças, as vovós... Mas a verdade dói”. Ainda durante o comentário, J. Júnior atribuiu a determinação da Justiça a uma ação da concorrência, no que seria uma tentativa de prejudicar a liderança de audiência do programa: “Alguém entrou na Justiça: ‘Olhe, o Correio Verdade está assim, é primeiro lugar no Ibope, vamos tentar derrubar’”.
Sistema Paraíba
O alvo principal das acusações de J. Júnior é o Sistema Paraíba, das TVs Paraíba e Cabo Branco, cujo jornal do meio-dia, o JPB Primeira Edição, briga pela audiência do horário com o policial Correio Verdade. Nessa disputa, aliás, ambos os lados se declaram vencedores, apresentando divergentes pesquisas de audiência. O fato, porém, é que a elevada audiência do programa de J. Júnior tem sido um calo enorme para o Sistema Paraíba que, pelos menos até bem pouco tempo atrás, vinha sofrendo fragorosas derrotas no Ibope, o que levou a várias mudanças no Primeira Edição.
Mas, embora tenha dado ampla ênfase à ordem judicial no JPB da sexta-feira, o Sistema Paraíba não deverá admitir as acusações de J. Júnior, atribuindo o fato a uma ação espontânea do Ministério Público, que tem a legítima competência para tanto. Aliás, se o MP considera agressivas as cenas diárias do Correio Verdade e do Cidade Alerta PB, cabe perguntar por que só agora, tanto tempo passado desde que esses noticiários adotaram tal linha editorial, a instituição veio a, finalmente, tomar alguma iniciativa?
Sensacionalismo
Brigas entre emissoras à parte, o fato é que o estilo dos noticiários policiais da TV Correio vem causando polêmica há tempos. As imagens de cadáveres expostas em pleno horário de almoço e no fim da tarde enquadram-se no chamado jornalismo sensacionalista, que, embora atraia o repúdio de alguns, acaba por prender a atenção de um grande público, principalmente entre as classes socioeconômicas menos favorecidas.
Todavia, ainda que pareça fácil, numa primeira análise, desbancar esse tipo de jornalismo, a contra-argumentação daqueles que o defendem acaba por levar a uma discussão muito mais ampla e complexa. O próprio J. Júnior dá o tom, ao afirmar que apenas mostra a verdade, nua e crua – literalmente. Segundo tal linha de pensamento, amenizar o jornalismo policial só serve para maquiar a realidade, corroborando para o conformismo da sociedade, o que favorece a incompetência e inação dos poderes públicos. Além disso, assim como o jornalismo econômico e científico interessam às elites, se esse tipo de jornalismo policial é bem recebido pelas classes da base da pirâmide social brasileira, deve ter seu exercício garantido, tendo o público o instrumento maior da censura: o controle remoto.
No outro lado do debate, entretanto, o argumento é que esse sensacionalismo, ao invés de produzir uma reação da sociedade, acaba por provocar efeito contrário, tornando a desgraça da violência um fato comum do nosso dia-a-dia e, portanto, cada vez mais aceitável, menos revoltante – pelo menos enquanto a vítima é o outro. Aqueles que seguem essa linha de pensamento vão além, e afirmam que tal naturalidade para com a violência acaba por estimular ainda mais sua prática, levando a uma maior banalização da vida. Assim, a apresentação de cenas mais fortes, serviria apenas para alavancar a audiência dos programas que as veiculam, através da mórbida curiosidade popular.
Diante de uma polêmica como essa, cabe deixar no ar uma outra pergunta: existirá um meio-termo eficaz para o jornalismo policial? Com a palavra, a sociedade e, particularmente, os jornalistas.
Lenildo Ferreira
18/02/2007
Polêmica
Um episódio ocorrido no último dia 09 reacendeu publicamente os costumeiros conflitos entre torcedores, clubes de futebol e a imprensa. Márcio Alemão, então zagueiro do Treze, conhecido por seu temperamento explosivo, agrediu verbalmente jornalistas e radialistas, no encerramento de um treino no estádio Presidente Vargas. Segundo os presentes, usando palavrões, Márcio teria atacado: “Só porque o Treze está em crise essa imprensa b... está aqui no campo”.
Mesmo antes do episódio, desde que o Galo da Borborema começou a cair na tabela, Alemão já vinha alfinetando a imprensa. Na partida em que o time foi derrotado pelo arqui-rival Campinense, por 1 a 0, ao ser perguntado pelo jornalista Carlos Magno se o gol acontecera em uma falha da defesa, o jogador atacou: “Foi mérito do ataque do Campinense, vocês têm que olhar o jogo direito! Mania de ficar só encontrando defeitos”.
No dia seguinte às agressões no estádio Presidente Vargas, a ACI – Associação Campinense de Imprensa – divulgou nota de repúdio, exigindo imediata retratação por parte do atleta: “A ACI, por sua diretoria, repudia e protesta contra as declarações desrespeitosas do jogador Márcio Alemão, do Treze Futebol Clube, contra os repórteres esportivos que cobrem o dia-a-dia daquela equipe, que atingiram, por extensão, toda Imprensa de Campina Grande”, dizia, ainda, trecho da nota, assinada pelo presidente da associação, Fernando Soares dos Santos. Como era de se esperar, não houve retratação alguma.
Torcida x imprensa
Já no último dia 14, ao comentar, em artigo publicado no portal Agora Esportes, o acontecimento, foi a vez de Leonardo Alves, respeitado jornalista e professor universitário, ser alvo de apaixonados ataques de alguns torcedores. Em seu blog, Esportes na Rede, Leonardo recebeu acusações – também extensivas a toda a imprensa – de que a categoria “está realmente interferindo muito no trabalho sério desenvolvido por este grupo que comanda o Galo da Borborema”. Outro torcedor atacou: “É interessante testemunhar o abuso de poder, poder ilegítimo, do corporativismo da imprensa campinense, que em sua maioria é parcial”. E acrescentou: “Fica claro o conteúdo jocoso e maldoso desse ‘jornalista’”.
Percebendo que o tom virulento de parte desses comentários deve-se à exacerbada paixão de torcedor, Leonardo Alves limitou-se a esclarecer alguns pontos, sem deixar-se envolver numa discussão nesses termos.
Quem também vem recebendo acusações de torcedores é o comentarista da TV Correio, Adenilson Maia, o Professor União. Segundo a torcida dos times de Campina Grande e outros clubes do interior, em transmissões de partidas do Botafogo, Maia é mais que parcial, chega a ser passional. Em artigo publicado no Agora Esportes, o torcedor do Campinense, Ivany Barros Lucena Júnior diz, referindo-se ao professor União sem citar seu nome, que “quando o Botinha está jogando, ele fica com o coração na mão”.
Na transmissão do jogo Botafogo e Campinense, Adenilson Maia deixou escapar duas falas que incentivaram as acusações de parcialidade. Na primeira, o comentarista, apontando a pouca eficiência do Botafogo na partida, e afirmando que o time só não se complicava mais porque a Raposa parecia acomodada com o empate, concluiu com um aliviado “ainda bem!”. Em seguida, criticando o fato do técnico botafoguense, Washington Lobo, ter trazido jogadores com quem trabalhara no Nacional de Patos, soltou: “Washington tem que entender que João Pessoa é uma cidade com 800 mil habitantes”. Adenilson Maia não comentou as acusações de torcedores, mas, o blog Jornalismo Paraibano tentará ouvir o jornalista nos próximos dias.
Parcialidade e paixão
A verdade é que a prática de torcer pelos clubes locais é mais que normal no rádio. Aliás, são rotineiros os casos de rádio-repórteres de campo que vibram no momento do gol do clube de sua cidade. Nessas circunstâncias, a imprensa se confunde com a torcida, e a informação, como não poderia ser diferente, acaba sendo produzida com emocionalismo e parcialidade. A paixão é tão forte que não faltam nem os xingamentos aos árbitros. Na partida em que o Campinense foi derrotado pelo Esporte de Patos, ante os freqüentes erros do árbitro Kelson Falcão, rádio-repórteres, narradores e comentaristas de algumas emissoras campinenses soltaram o verbo, taxando Falcão com termos como palhaço, ladrão e até safado.
Práticas como essa, comuns não apenas na Paraíba, precisam ser revistas com urgência, não podendo continuar sendo admitidas pela nossa imprensa. Acusações, tanto de clubes quanto de torcedores, são normais e, como mostra o episódio envolvendo os repórteres ofendidos pelo jogador Márcio Alemão, bem como o caso dos ataques ao artigo do jornalista Leonardo Alves, quando a imprensa trabalha com ética e seriedade, os fatos e o tempo tratam de responder: Alemão, por falar muito e jogar pouco, acabou sendo um dos dispensados pelo Treze, cujas deficiências (apontadas no artigo de Alves) culminaram na não classificação do time para as finais do 1° turno do Campeonato Paraibano.