DECISÃO DA JUSTIÇA SUSCITA DEBATE SOBRE JORNALISMO POLICIAL-
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Desde a sexta-feira, 16, os telespectadores do Correio Verdade e do Cidade Alerta PB, da TV Correio, não mais têm assistido à veiculação das fortes cenas de vítimas de homicídios e mortos em acidentes, comuns nos dois programas. Não se trata, porém, de uma mudança na linha editorial dos noticiários policiais, mas de uma intervenção da Justiça, através de liminar, determinando que tais imagens não mais poderiam ser levadas ao ar, de modo que, desde de então, reportagens onde aparecem cadáveres têm essas imagens desfocadas.
Na semana passada, o Ministério Público convocou as emissoras de televisão da Paraíba, a fim de debater o problema da divulgação de cenas de violência nos telejornais. Ao fim da reunião, os representantes das emissoras assinaram um termo de ajustamento de conduta, comprometendo-se a evitar o uso de imagens mais fortes. A TV Correio, porém, segundo o Ministério Público, foi a única que não enviou representante ao encontro, fato que teria justificado a liminar.
Ainda na sexta-feira, o apresentador do Correio Verdade, J. Júnior, comentou, durante o programa, a decisão: “É uma ordem judicial, e ordem judicial se cumpre. Mas, e agora? A verdade continuará nas ruas, mas a gente não pode mostrar; eu não mostro, mas a população vê. Dizem que é para proteger. Proteger o que? Os casos que eu mostro aqui, são cheios de gente em volta, as crianças, as vovós... Mas a verdade dói”. Ainda durante o comentário, J. Júnior atribuiu a determinação da Justiça a uma ação da concorrência, no que seria uma tentativa de prejudicar a liderança de audiência do programa: “Alguém entrou na Justiça: ‘Olhe, o Correio Verdade está assim, é primeiro lugar no Ibope, vamos tentar derrubar’”.
Sistema Paraíba
O alvo principal das acusações de J. Júnior é o Sistema Paraíba, das TVs Paraíba e Cabo Branco, cujo jornal do meio-dia, o JPB Primeira Edição, briga pela audiência do horário com o policial Correio Verdade. Nessa disputa, aliás, ambos os lados se declaram vencedores, apresentando divergentes pesquisas de audiência. O fato, porém, é que a elevada audiência do programa de J. Júnior tem sido um calo enorme para o Sistema Paraíba que, pelos menos até bem pouco tempo atrás, vinha sofrendo fragorosas derrotas no Ibope, o que levou a várias mudanças no Primeira Edição.
Mas, embora tenha dado ampla ênfase à ordem judicial no JPB da sexta-feira, o Sistema Paraíba não deverá admitir as acusações de J. Júnior, atribuindo o fato a uma ação espontânea do Ministério Público, que tem a legítima competência para tanto. Aliás, se o MP considera agressivas as cenas diárias do Correio Verdade e do Cidade Alerta PB, cabe perguntar por que só agora, tanto tempo passado desde que esses noticiários adotaram tal linha editorial, a instituição veio a, finalmente, tomar alguma iniciativa?
Sensacionalismo
Brigas entre emissoras à parte, o fato é que o estilo dos noticiários policiais da TV Correio vem causando polêmica há tempos. As imagens de cadáveres expostas em pleno horário de almoço e no fim da tarde enquadram-se no chamado jornalismo sensacionalista, que, embora atraia o repúdio de alguns, acaba por prender a atenção de um grande público, principalmente entre as classes socioeconômicas menos favorecidas.
Todavia, ainda que pareça fácil, numa primeira análise, desbancar esse tipo de jornalismo, a contra-argumentação daqueles que o defendem acaba por levar a uma discussão muito mais ampla e complexa. O próprio J. Júnior dá o tom, ao afirmar que apenas mostra a verdade, nua e crua – literalmente. Segundo tal linha de pensamento, amenizar o jornalismo policial só serve para maquiar a realidade, corroborando para o conformismo da sociedade, o que favorece a incompetência e inação dos poderes públicos. Além disso, assim como o jornalismo econômico e científico interessam às elites, se esse tipo de jornalismo policial é bem recebido pelas classes da base da pirâmide social brasileira, deve ter seu exercício garantido, tendo o público o instrumento maior da censura: o controle remoto.
No outro lado do debate, entretanto, o argumento é que esse sensacionalismo, ao invés de produzir uma reação da sociedade, acaba por provocar efeito contrário, tornando a desgraça da violência um fato comum do nosso dia-a-dia e, portanto, cada vez mais aceitável, menos revoltante – pelo menos enquanto a vítima é o outro. Aqueles que seguem essa linha de pensamento vão além, e afirmam que tal naturalidade para com a violência acaba por estimular ainda mais sua prática, levando a uma maior banalização da vida. Assim, a apresentação de cenas mais fortes, serviria apenas para alavancar a audiência dos programas que as veiculam, através da mórbida curiosidade popular.
Diante de uma polêmica como essa, cabe deixar no ar uma outra pergunta: existirá um meio-termo eficaz para o jornalismo policial? Com a palavra, a sociedade e, particularmente, os jornalistas.
Na semana passada, o Ministério Público convocou as emissoras de televisão da Paraíba, a fim de debater o problema da divulgação de cenas de violência nos telejornais. Ao fim da reunião, os representantes das emissoras assinaram um termo de ajustamento de conduta, comprometendo-se a evitar o uso de imagens mais fortes. A TV Correio, porém, segundo o Ministério Público, foi a única que não enviou representante ao encontro, fato que teria justificado a liminar.
Ainda na sexta-feira, o apresentador do Correio Verdade, J. Júnior, comentou, durante o programa, a decisão: “É uma ordem judicial, e ordem judicial se cumpre. Mas, e agora? A verdade continuará nas ruas, mas a gente não pode mostrar; eu não mostro, mas a população vê. Dizem que é para proteger. Proteger o que? Os casos que eu mostro aqui, são cheios de gente em volta, as crianças, as vovós... Mas a verdade dói”. Ainda durante o comentário, J. Júnior atribuiu a determinação da Justiça a uma ação da concorrência, no que seria uma tentativa de prejudicar a liderança de audiência do programa: “Alguém entrou na Justiça: ‘Olhe, o Correio Verdade está assim, é primeiro lugar no Ibope, vamos tentar derrubar’”.
Sistema Paraíba
O alvo principal das acusações de J. Júnior é o Sistema Paraíba, das TVs Paraíba e Cabo Branco, cujo jornal do meio-dia, o JPB Primeira Edição, briga pela audiência do horário com o policial Correio Verdade. Nessa disputa, aliás, ambos os lados se declaram vencedores, apresentando divergentes pesquisas de audiência. O fato, porém, é que a elevada audiência do programa de J. Júnior tem sido um calo enorme para o Sistema Paraíba que, pelos menos até bem pouco tempo atrás, vinha sofrendo fragorosas derrotas no Ibope, o que levou a várias mudanças no Primeira Edição.
Mas, embora tenha dado ampla ênfase à ordem judicial no JPB da sexta-feira, o Sistema Paraíba não deverá admitir as acusações de J. Júnior, atribuindo o fato a uma ação espontânea do Ministério Público, que tem a legítima competência para tanto. Aliás, se o MP considera agressivas as cenas diárias do Correio Verdade e do Cidade Alerta PB, cabe perguntar por que só agora, tanto tempo passado desde que esses noticiários adotaram tal linha editorial, a instituição veio a, finalmente, tomar alguma iniciativa?
Sensacionalismo
Brigas entre emissoras à parte, o fato é que o estilo dos noticiários policiais da TV Correio vem causando polêmica há tempos. As imagens de cadáveres expostas em pleno horário de almoço e no fim da tarde enquadram-se no chamado jornalismo sensacionalista, que, embora atraia o repúdio de alguns, acaba por prender a atenção de um grande público, principalmente entre as classes socioeconômicas menos favorecidas.
Todavia, ainda que pareça fácil, numa primeira análise, desbancar esse tipo de jornalismo, a contra-argumentação daqueles que o defendem acaba por levar a uma discussão muito mais ampla e complexa. O próprio J. Júnior dá o tom, ao afirmar que apenas mostra a verdade, nua e crua – literalmente. Segundo tal linha de pensamento, amenizar o jornalismo policial só serve para maquiar a realidade, corroborando para o conformismo da sociedade, o que favorece a incompetência e inação dos poderes públicos. Além disso, assim como o jornalismo econômico e científico interessam às elites, se esse tipo de jornalismo policial é bem recebido pelas classes da base da pirâmide social brasileira, deve ter seu exercício garantido, tendo o público o instrumento maior da censura: o controle remoto.
No outro lado do debate, entretanto, o argumento é que esse sensacionalismo, ao invés de produzir uma reação da sociedade, acaba por provocar efeito contrário, tornando a desgraça da violência um fato comum do nosso dia-a-dia e, portanto, cada vez mais aceitável, menos revoltante – pelo menos enquanto a vítima é o outro. Aqueles que seguem essa linha de pensamento vão além, e afirmam que tal naturalidade para com a violência acaba por estimular ainda mais sua prática, levando a uma maior banalização da vida. Assim, a apresentação de cenas mais fortes, serviria apenas para alavancar a audiência dos programas que as veiculam, através da mórbida curiosidade popular.
Diante de uma polêmica como essa, cabe deixar no ar uma outra pergunta: existirá um meio-termo eficaz para o jornalismo policial? Com a palavra, a sociedade e, particularmente, os jornalistas.
Lenildo Ferreira
7 comentários:
Se as pessoas não gostassem de ver tragédias, não se formaria uma multidão toda vez que uma acontece.
Isso é o desespero do sistema paraiba!! já que eles não tem coragem de mostrar o que realmente acontece na paraiba. e fazem um telejornal aos moldes da rede globo, ou seja jornalismo tendencioso ....
Como pode um prefeito lutar para exibir para todo o estado a barbárie? Que desculpa é essa de que mostra a verdade? Transmitir pornografia ou pedofilia, já que ambas existem, seria também legítimo? A banalização da violência, que esse prefeito/apresentador defende é um dos maiores problemas que a sociedade enfrenta hoje em dia. Não se trata de simplesmente ignorar o que acontece a nossa volta. Algumas pessoas param para ver a tragédia alheia na rua. Faz parte de nossa índole, somos curiosos por natureza. Daí a exibir nua e cruamente, dentro de nossos lares, toda a animalidade que a miséria nos traz...Creio que essa questão já deixou de ser, há muito, uma questão de audiência. Virou, realmente, um problema de segurança publica. Se só agora o Ministério Publico veio combater esse tipo de atitude, devemos condená-lo? Ou seria "antes tarde do que nunca"? Essa história de que o controle remoto é o censor é pura balela. Criança sabe o que é bom para ela? Que tal um garoto de 15 ou 16 anos achar o que viu, "legal" , pegar uma arma e sair matando nossos filhos e pais como tem acontecido? Não sou ingênuo. Claro que a violência que aí está não é culpa da programação da Correio. Mas se esta mesma Tv Correio não pode ajudar, contendo sua sede de sangue e audiência, que tal não atrapalhar mais ainda? Que tal não dar o gosto ao bandido de ver seu "trabalho" exibido para todos? Existem formas de ser fazer um jornalismo policial sem ter que esconder ou maquiar a verdade. Não pode o apresentador dar a notícia sem exibir a desgraça em close e em cores? A Tv Correio nem se dignou a comparecer à reunião para defender seu ponto de vista. Preferiu posar de vítima, preferiu dizer, nas entrelinhas ou descaradamente, que foi censurada pela concorrência e pela justiça. Uma atitude que demonstra a linha de pensamento e conduta de seus diretores. Além de chocar e provocar náuseas o que mais essas imagens nos acresenta? Imagens como a do cadáver sem cabeça não devem nunca mais ser exibidas. E em minha opinião, não somente no horário em que foram mas em horário algum. Não acresentam nada em nossas vidas. A não ser um gosto amargo na boca.
A discussão sobre a ação do Ministério Público, neste caso, não deve jamais ser abordada pelo lado do juízo de gosto, da moralidade ou dos "bons" costumes.
O juízo, neste caso, deverá ser exclusivamente de mérito!
Lembremos, por exemplo, do movimento encabeçado por órgãos representativos dos jornalistas contra a proibição, na Inglaterra, da exibição de cenas de violência em sites de internet, onde os próprios autores gravavam e postavam o espancamento de suas vítimas.
A justiça utilizou como argumento principal que a divulgação das imagens seria, na verdade, o principal elemento motivador das ações criminosas. Ou seja, eles só eram violentos por causa do Youtube!
Sem querer entrar nessa discussão, cito a posição dos maiores sindicatos e associações de jornalistas do Reino Unido, União Européia e outros países, que prontamente divulgaram notas de repúdio, afinal a decisão também poderia servir para impedir jornalistas de mostrarem em suas reportagens cenas de abusos, violência ou até manifestações públicas que envolvessem confrontos violentos.
Citado o caso, coloco minha opinião:
Não há que se considerar se as imagens exibidas pelos programas da TV Correio são de bom ou mau gosto, se afrontam a integridade das vítimas ou algozes, se provocam mal estar, insônia, enjôo, fastio, risos ou choro. Isso deve ser decidido pelo telespectador, cotidianamente, e pela justiça em casos específicos, mas só após a alegada transgressão e como forma de reparar algum dano que venha a ser causado (Ex.: corpo do pai mostrado na tv que causou trauma psicológico em familiar).
O que deve ser discutido neste caso é a completa afronta da decisão à LIBERDADE DE IMPRENSA, protegida pela Constituição brasileira.
A TV Correio está sendo penalizada, como minoria entre as empresas, pela sua maioria entre o público. Como bem disse Nildo na matéria, nós, telespectadores, temos o maior poder diante de todas as emissoras: o controle remoto (ou o seletor, para os mais pobres). O que não nos pode ser negado, em nenhuma hipótese, é o DIREITO DE ESCOLHA.
Será que não corremos todos para a frente da TV quando ouvimos o William Bonner alardear: - Menina de dezessete anos é baleada no pátio da universidade! (ao mesmo tempo em que aparecem imagens da menina estirada no chão, cercada de colegas, com uma poça de sangue sob seu corpo) ?
As cenas exibidas no Correio Debate não são ficção. Não é como se uma emissora decidisse exibir “Cidade de Deus” na hora do almoço, o que seria, talvez, impróprio. No caso do jornalismo isso não pode e nem deve existir! Já pensou se a justiça proibisse a exibição de cenas de tiroteio, prisões, violência urbana, desastres aéreos, automobilísticos ou naturais e outras não menos chocantes antes das 22h? O que seria do Jornal Nacional e todos os demais?
Alguns devem estar pensando: mas isso não vai acontecer nunca!
A resposta mais lógica é que isso não irá acontecer enquanto a COMPLETA liberdade de expressão for mantida e, sobretudo, DEFENDIDA pela população e PELOS ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO E REPRESENTATIVOS DOS JORNALISTAS.
Não estou aqui defendendo a TV Correio, pois não tenho nenhum motivo para isso, mas condeno a postura dos demais veículos, que agiram por interesse comercial e em nenhum momento pensaram no bem estar da população. O que não preciso dizer, pois eles sabem muito bem, é que um dia eles poderão ser a minoria e, por conseqüência, as vítimas de uma arbitrariedade semelhante.
Porque não se uniram todos para veicular uma campanha de âmbito estadual contra a violência crescente no estado, utilizando, inclusive, nos comerciais, as imagens do arquivo da TV Correio?
Tenho certeza que uma ação deste tipo pode surtir efeitos bem mais benéficos e imediatos...
As imagens devem ser exibidas, não porque eu queira vê-las, mas porque eu TENHO O DIREITO DE ESCOLHER NÃO VÊ-LAS!
Minha mãe é que vai ficar feliz com a notícia. Ela não gostava de ver as tais cenas.
Ô povo!
O pior de tudo isso, é que tem gente defendendo ou a TV Paraiba, ou a TV Correio! ô bando de gente lerda!
Pra resumir, a TV PAraíba tá precisando de um gás, tá precisando fazer jornalismo de verdade, e a TV Correio tá precisando de modos.
Como disse o anônimo lá de cima, pornografia infantil existe e nem por isso precisa passar na TV na hora do almoço.
Uma cabeça pregada num poste, e uma barriga estourada com as tripas pra fora não vão acrescentar em nada qualquer notícia que seja.
E o Jota Júnior tá precisando escolher o que ele quer ser quando crescer. Aquele programa idiota dele é uma tremenda falácia!
O caba se diz jornalista, quer mostrar uma verdade nua e crua, e ao mesmo tempo, mostrar como é um bom prefeito.
Pra quem defende o imbecil dê uma lida nisso: http://www.gargantaweb.blogspot.com/
Pra quem defende uma das redes, tenha vergonha e honre sua profissão, pq os donos dessas empresas estão pouco se lixando pra o bom jornalismo e o bom jornalista.
E pra Lenildo, parabéns pelo blog, tá cada vez melhor!
Olha gente, essa conversa num leva a nada. É certo que a TV Paraíba ainda não encontrou a fórmula do Jornal do meio dia. Aquela apresentadora loura é muito sei lá... Ela é muito Boa, mas às vezes fica meio parada demais, lê apenas, a gente às vezes nota o improviso ou o nervosismo dela ... Talvez ela ainda esteja se adaptando a nova forma do jornal da casa. Isso sem falar que ainda não deu para entender se o jornal é de Campina ou de João Pessoa, por que tem dia que é só a apresentadora de Campina, tem dia que é só Carla, lá de João Pessoa e eles num avisam por que essa mudança e fica a confusão... Definitivamente o JPB ainda não tem identidade e nem cara, eu não sei o que eu vou assitir amanhã, diferente do Jornal Nacional ou do Jornal Hoje, que num vai mudar de cenário ou de apresentadores direto ou todos os dias, lembrando que foi uma comparação natural, mas eu sei que Campina é diferente de Rio de Janeiro. Mas também tem o outro lado, é verdade que as imagens que a TV Correio exibe não é e nem nunca vai ser a notícia no verdadeiro sentido da palavra. É show, é ibope e apelação... E que comparando as duas emissoras o tratamento dado a noticia na TV Paraíba é bem melhor. Mas no final das contas nem uma e nem a outra encontrou o meio termo, todas duas estão longe de fazer um jornalismo compromissado com o povo e ausente de todo e qualquer interesse pela a Audiência.
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