"Procuro dissociar o jornalista do
profissional de marketing eleitoral"
Na última terça-feira, publicamos texto sobre a participação de jornalistas em campanhas eleitorais. A respeito desse polêmico tema, o blog JP entrevistou Morib Macedo. O jornalista, 31 anos, formado na UEPB, atualmente trabalha na TV Correio e, nessas eleições, presta serviços à agência que dirige a campanha de um dos candidatos ao Governo do Estado. Na entrevista, Morib falou também sobre a orientação do Sistema Correio em relação à política.
JORNALISMO PARAIBANO: Você trabalha na TV Correio. Houve alguma oposição quanto a trabalhar na campanha eleitoral?
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MORIB MACEDO: Essa é uma pergunta bem pertinente e freqüente em todos os ambientes por onde passo. De fato, é natural que o grande público estranhe o fato de um jornalista do Sistema Correio trabalhar numa campanha de seu principal opositor (pelo menos em tese).
Na verdade, desde o meu ingresso no sistema, tenho tido um tratamento super humano e respeitoso por parte da sua direção. Em nenhum instante foi dito a mim, ou a qualquer integrante da emissora, que não exerce necessariamente o gênero opinativo, que tínhamos que falar bem ou mal sobre determinado grupo político.
JORNALISMO PARAIBANO: Você trabalha na TV Correio. Houve alguma oposição quanto a trabalhar na campanha eleitoral?
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MORIB MACEDO: Essa é uma pergunta bem pertinente e freqüente em todos os ambientes por onde passo. De fato, é natural que o grande público estranhe o fato de um jornalista do Sistema Correio trabalhar numa campanha de seu principal opositor (pelo menos em tese).
Na verdade, desde o meu ingresso no sistema, tenho tido um tratamento super humano e respeitoso por parte da sua direção. Em nenhum instante foi dito a mim, ou a qualquer integrante da emissora, que não exerce necessariamente o gênero opinativo, que tínhamos que falar bem ou mal sobre determinado grupo político.
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Sempre que alguém é contratado, o que se pede é um trabalho sério e voltado para a comunidade. De forma que temos liberdade de fazer matérias "contra" o governo federal, estadual ou municipal, desde que seja em favor dos interesses comunitários.
Sempre que alguém é contratado, o que se pede é um trabalho sério e voltado para a comunidade. De forma que temos liberdade de fazer matérias "contra" o governo federal, estadual ou municipal, desde que seja em favor dos interesses comunitários.
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Sobre a liberação, mais uma vez eles foram muito cordiais comigo. Deram-me uma licença de 60 dias e me deixaram por demais lisonjeado ao afirmarem que não seria uma campanha eleitoral que me tiraria da casa. Enfim, atitudes como essa, deixam-me extremamente feliz, pois acho que é assim que se deve tratar um profissional de comunicação quando ele recebe oportunidades raras de se ganhar uma boa grana.
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JP: Você acha possível conciliar a prática do Jornalismo com a prestação de serviços que envolvam política partidária?
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É bastante difícil, sim. Sobretudo em um estado pequeno e numa cidade demasiadamente apaixonada (por política e futebol). As pessoas raramente compreendem as diferenças entre essas funções. Como eu priorizei outras nuances em minha área, achei por bem embarcar no marketing eleitoral desde 2002. Vivenciei momentos distintos em outros estados como Pernambuco e Rio Grande do Norte. Lá, onde não sou conhecido, fiz programas estaduais e depois campanhas municipais.
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Já em Campina, no segundo turno das eleições 2004, já havia feito campanha com a Mix, daí o convite renovado agora pra 2006. Os compromissos familiares também me fizeram rejeitar as possibilidades de ir para outros estados, preferindo ficar na terrinha, mesmo enfrentando o preconceito de algumas pessoas. Voltando ao tema central, procuro dissociar bem o jornalista do profissional de marketing eleitoral.
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No meu programa de rádio nunca deixei transparecer minhas preferências políticas, religiosas ou futebolísticas, embora ache que, enquanto cidadão, todo jornalista deve ter esse direito, desde que não influencie erroneamente no seu trabalho.
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JP: Tal relação não compromete a ética jornalística? No tocante à credibilidade, uma das mais importantes qualidades do jornalista, esse tipo de relação não acaba também por comprometê-la?
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Depende do profissional. Muitos aqui chegam a misturar as coisas com o exercício de uma simples assessoria política, imagina com o marketing eleitoral! Mas há casos e casos. É preciso sempre separar as situações na hora de produzir matérias no cotidiano jornalístico. Essa, certamente, não é uma tarefa fácil.
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JP: Passadas as eleições, caso fosse pautado a fazer uma matéria que de alguma forma atingisse o candidato em cuja campanha atual você trabalha, haveria como fazê-lo sem quaisquer constrangimentos?
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No meu caso, faria tranquilamente, pois os próprios líderes políticos, sábios que são, devem ter a capacidade de discernir que Jornalismo é uma coisa, assessoria e marketing são outras, bem distintas.
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JP: Qual o seu limite, ou seja, o que você não se dispõe a fazer nesse tipo de atividade?
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Dar depoimentos de cunho particular, opiniões próprias. Aqueles em que um artista ou personalidade declara suas predileções, por exemplo. Agora, mostrar obras em matérias respaldadas também por falas da comunidade, isso faço numa boa, sem constrangimentos.
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JP: A realidade salarial do jornalista paraibano é a principal responsável pela ida desse profissional para o campo de trabalho publicitário, tanto político como comercial? Foi esse seu caso?
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Não necessariamente. Claro que a nossa realidade salarial é uma das piores do País, no entanto as propostas para o marketing político são sempre atraentes e irrecusáveis em qualquer parte do Brasil. Quanto aos salários, acho que vivo bem com eles, graças a Deus. Isso porque exerço diversas atividades para ter uma renda razoável. Já as campanhas se tratam de trabalhos sazonais e bem rentáveis, por isso, do ponto de vista pessoal, acho interessante não perder chances como essa. O legal é não depender só desses momentos da história política.
Sobre a liberação, mais uma vez eles foram muito cordiais comigo. Deram-me uma licença de 60 dias e me deixaram por demais lisonjeado ao afirmarem que não seria uma campanha eleitoral que me tiraria da casa. Enfim, atitudes como essa, deixam-me extremamente feliz, pois acho que é assim que se deve tratar um profissional de comunicação quando ele recebe oportunidades raras de se ganhar uma boa grana.
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JP: Você acha possível conciliar a prática do Jornalismo com a prestação de serviços que envolvam política partidária?
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É bastante difícil, sim. Sobretudo em um estado pequeno e numa cidade demasiadamente apaixonada (por política e futebol). As pessoas raramente compreendem as diferenças entre essas funções. Como eu priorizei outras nuances em minha área, achei por bem embarcar no marketing eleitoral desde 2002. Vivenciei momentos distintos em outros estados como Pernambuco e Rio Grande do Norte. Lá, onde não sou conhecido, fiz programas estaduais e depois campanhas municipais.
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Já em Campina, no segundo turno das eleições 2004, já havia feito campanha com a Mix, daí o convite renovado agora pra 2006. Os compromissos familiares também me fizeram rejeitar as possibilidades de ir para outros estados, preferindo ficar na terrinha, mesmo enfrentando o preconceito de algumas pessoas. Voltando ao tema central, procuro dissociar bem o jornalista do profissional de marketing eleitoral.
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No meu programa de rádio nunca deixei transparecer minhas preferências políticas, religiosas ou futebolísticas, embora ache que, enquanto cidadão, todo jornalista deve ter esse direito, desde que não influencie erroneamente no seu trabalho.
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JP: Tal relação não compromete a ética jornalística? No tocante à credibilidade, uma das mais importantes qualidades do jornalista, esse tipo de relação não acaba também por comprometê-la?
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Depende do profissional. Muitos aqui chegam a misturar as coisas com o exercício de uma simples assessoria política, imagina com o marketing eleitoral! Mas há casos e casos. É preciso sempre separar as situações na hora de produzir matérias no cotidiano jornalístico. Essa, certamente, não é uma tarefa fácil.
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JP: Passadas as eleições, caso fosse pautado a fazer uma matéria que de alguma forma atingisse o candidato em cuja campanha atual você trabalha, haveria como fazê-lo sem quaisquer constrangimentos?
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No meu caso, faria tranquilamente, pois os próprios líderes políticos, sábios que são, devem ter a capacidade de discernir que Jornalismo é uma coisa, assessoria e marketing são outras, bem distintas.
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JP: Qual o seu limite, ou seja, o que você não se dispõe a fazer nesse tipo de atividade?
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Dar depoimentos de cunho particular, opiniões próprias. Aqueles em que um artista ou personalidade declara suas predileções, por exemplo. Agora, mostrar obras em matérias respaldadas também por falas da comunidade, isso faço numa boa, sem constrangimentos.
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JP: A realidade salarial do jornalista paraibano é a principal responsável pela ida desse profissional para o campo de trabalho publicitário, tanto político como comercial? Foi esse seu caso?
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Não necessariamente. Claro que a nossa realidade salarial é uma das piores do País, no entanto as propostas para o marketing político são sempre atraentes e irrecusáveis em qualquer parte do Brasil. Quanto aos salários, acho que vivo bem com eles, graças a Deus. Isso porque exerço diversas atividades para ter uma renda razoável. Já as campanhas se tratam de trabalhos sazonais e bem rentáveis, por isso, do ponto de vista pessoal, acho interessante não perder chances como essa. O legal é não depender só desses momentos da história política.
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LeNildo Ferreira
9 comentários:
A entrevista abordou questões muito coerentes.Não gostei muito foi das respostas do entrevistado.Há um momento em que ele diz, a respeito da linha editorial do Sistema Correio:"...temos liberdade de fazer matéria 'contra' o governo federal, estadual e municipal, desde que seja em favor dos interesses comunitários". Então deve ser, no mínimo, mera coincidência as matérias denunciarem somente as barbáries do Governo Estadual. 'Cá pra nós', mas todo mundo está cansado de saber que na Paraíba todos os Jornais atendem a interesses de determinados grupos políticos.
É muito conveniente o Morib alegar as coisas que disse nessa entrevista sobre liberdade de se expressar dentro do Correio. Outra coisa incrível é dizer que depois da campanha faria matéria contra o candidato p quem trabalhou sem problemas, pq o candidato vai compreender... É, político é tão compreensivo...
Foi uma boa entrevista. Aborda um assunto polêmico e que gera muitas dúvidas no meio jornalístico. De certa forma, achei as declarações de Morib também um tanto quanto convenientes, em falar da liberdade dentro do sistema correio, mas se tratando de uma pessoa que está atuando em dois campos divergentes, nada mais normal.
Ps: o comentário acima foi postado por Ulisses Praxedes.
Atenção, pessoal. Lembrando que, enquanto estiver nesse nível, o anonimato será permitido. Não serão aceitos ofensas, acusações e desrespeitos pessoais.Algumas pessoas têm postado como anônimos pensando q só quem tem conta blogger pode assinar. Mas lembramos que quem não tem, basta marcar a opção OUTRO, assinar e não colocar nada no espaço q pede SUA PÁGINA NA WEB. Abs
muito interessante esta entrevista com Morib, no entanto, ate mesmo nso que somos meros aprendizes da profissao, ja sabemos da infinita parcialidade dos meios de comunicaçao de nosso estado, nesse caso fica dificil acreditar em tudo que Morib diz, mas sabemos que esta postura tomada por ele é a mais conviniente ao proprio e as duas areas por ele atendidas.
Caros amigos. Fico sinceramente feliz pelas repercussoes,afinal se houve desdobramentos ,positivos ou não,o fato é que minhas humildes palavras trouxeram alguma novidade e conteúdo. No entanto,acho que nao fui fielmente interpretado sobre a linha editorial do veiculo. Em nenhum instante,eu disse que os nossos jornais paraibanos sao imparciais. Até porque,a maturidade profissional vai ensinar a voces que imparcialidade tem um conceito muito mais abstrato do que a gente imagina. Apesar disso,todos nós leitores estamos carecas de saber que infelizmente,nossos veiculos impressos,ha alguns anos vèm vestindo as camisas dos grupos politicos. Isso é incontestável. Mas o que disse é que no nosso caso(enquanto equipe de TV)nunca tivemos a atividade jornalistica tolhida por alguma ordem superior. Temos liberdade sim,pois até entao no nosso caso,repito,nunca se provou o contrario. Um abraco a todos e espero que nao me entendam mal,hein!!! Atenc. Morib Macedo
Se o Sistema Correio não se importou é porque sabe o profissional que tem e se sente seguro com ele.
Parabéns pela entrevista.gostei muito.depois eu comento sobre tal.
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