05/09/2006

JORNALISTAS TRABALHANDO EM CAMPANHA ELEITORAL REABREM DISCUSSÃO SOBRE ÉTICA E REALIDADE

No guia eleitoral desse ano, mais uma vez, assistimos vários colegas jornalistas fazendo apresentação e “reportagens” para candidatos. Esse fato, uma vez proposto para discussão em qualquer ambiente de jornalistas ou estudantes de Jornalismo, acaba inevitavelmente por provocar uma enorme discussão.
.
As grandes empresas do ramo do Jornalismo proíbem terminantemente seus profissionais de qualquer participação em campanhas publicitárias, inclusive políticas. A justificativa é de que tais envolvimentos são prejudiciais à credibilidade jornalística. Justificativa sensata.
.
Uma breve análise ética aponta, de fato, uma série de problemas oriundos da relação entre Jornalismo e publicidade. Quando se trata de política, então, essa problemática tende a se agravar, por motivos lógicos. Não é preciso muita ponderação para se concluir que, idealmente, o jornalista deve evitar esse tipo de serviço.
.
Entretanto, se é fácil estabelecermos um padrão ideal para esse tema, o mesmo não se dá quando confrontamos tal análise com a realidade. Jornalista também tem família, tem contas a pagar no fim do mês. É a ética da barriga, segundo definição do professor Luís Aguiar, coordenador da Faculdade de Comunicação Social da UEPB.
.
Na Paraíba, como em grande parte do Brasil, essa é uma profissão que remunera mal. O sujeito precisa, muitas vezes, se desdobrar entre o jornal impresso, o rádio e a televisão, para enfim ter alguma dignidade financeira. E isso sem falar da desleal e imoral concorrência com radialistas formados em cursos de fim de semana. Assim, se é fácil para jornalistas globais com salários de dezenas de milhares de reais cumprir essa faceta ética, não se pode dizer o mesmo aqui nas terras paraibanas.
.
Seja como for, essa é uma discussão importante, que precisa ser trazida à pauta, mesmo porque conduz a uma série de outros temas. Para que nossos profissionais possam ser melhor remunerados e, assim, não precisem se ver ante tais dilemas, o Jornalismo paraibano precisa crescer mas, para tanto, tem que encontrar saídas que o possibilitem desvencilhar-se da dependência política que tanto o oprime.
.
Enquanto as coisas não mudam, porém, cada um age conforme designa a própria consciência. E, no dilema entre o ideal e o real, vive seu próprio “ser ou não ser”.
.
LeNildo Ferreira
.
PS: Sobre esse tema, será publicada na próxima quinta-feira, entrevista com Morib Macedo.

Nenhum comentário: