"A gente não vive liberdade de imprensa coisa nenhuma"
Luíz Barbosa Aguiar, jovial do alto dos seus 61 anos, é uma figura emblemática do Jornalismo Paraibano. Filho de uma professora primária e um pequeno negociante de gado, é do tempo em que apenas os filhos dos ricos podiam dedicar-se a um estudo que fosse além da alfabetização. Foi seminarista salesiano e, por pouco, não se tornou um padre. “Hoje, talvez eu já fosse cardeal”, sorri. Mas, por um anúncio no Diário da Borborema , descobriu a paixão pelo Jornalismo. E já são décadas de boas histórias para contar. Mas, o professor Aguiar, figura respeitada e querida da Faculdade de Comunicação Social da UEPB, onde é coordenador, não é daqueles que andam falando de si. Prefere as conversas amigáveis, as anedotas imprevisíveis e divertidas e o tratamento respeitoso para com alunos e professores, ambos gentilmente chamados de “colegas”. Talvez por isso muitos daqueles que convivem diariamente com ele, não saibam que estão ao lado de uma figura cuja história confunde-se com a própria trajetória do Jornalismo na Paraíba.
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Jornalismo Paraibano: O senhor é formado em Direito e Economia. Como foi parar, assim, no Jornalismo?
Em 1967, fui atraído por um anúncio no Diário da Borborema: “Precisa-se de repórter”. Eu era um curioso, gostava de rádio, de jornal, e me candidatei à vaga. Aí fui ser foca, auxiliando o repórter Fernando Valack, que foi quem implantou o jornalismo policial especializado em Campina. Naquele tempo, era assim, o jornalista era formado dentro da redação, começava como foca, cada profissional tinha um foca, que ia aprendendo com ele, até que estivesse apto a passar a escrever suas próprias matérias. Fiquei sendo foca até o dia em que Valack tomou uma cana grande e não pode fechar a página, e tive que fazê-lo. Foi esse o meu batismo, confesso que tremi nas bases.
JP: A Economia e o Direito são profissões que, naquela época principalmente, gozavam de maior prestígio e poderiam ter lhe trazido maior retorno financeiro. Que paixão foi essa que lhe prendeu ao Jornalismo?
Sempre digo que, apesar de hoje existirem as faculdades, Jornalismo é um dom, com o qual você já nasce. Na faculdade, a pessoa apenas aprimora, conhece as técnicas. Mas as faculdades não fazem jornalistas, porque o sujeito tem que nascer jornalista. Não me arrependo da escolha que fiz, e se estivesse começando hoje, faria tudo de novo, agora com a vantagem de ter uma escola para me ensinar algumas coisas que tive que aprender já no batente, no dia a dia.
JP: Como foi sua trajetória dentro do Diário da Borborema?
Quando me deparei com o fato de estar dentro do Diário, comprei um livro de Natalício Norberto, chamado Jornalismo sem mestre, e fui estudar o que era o jornalismo. Descobri-me dentro daquilo que eu gostaria de fazer da vida. Daí para a frente as coisas aconteceram gradativamente. Após três ou quatro meses como foca, passei a repórter, depois chefe de reportagem, o que já foi uma grande conquista, em seguida secretário de redação, editor, diretor comercial e, finalmente superintendente do Diário. Foi nesse tempo que ingressei na luta de classe, fui titular da delegacia do Sindicato dos Jornalistas da Paraíba em Campina Grande, participei de congressos no Brasil inteiro, e até cheguei a ser preso em Alagoas, durante um desses congressos.
JP: De que modo aconteceu sua entrada na vida acadêmica?
Nós, que estávamos no batente, fomos beneficiados pela lei que regulamentou a atividade profissional de jornalista, em 1967, que determinava que aqueles que exercessem o Jornalismo até dois anos antes da promulgação da lei, seriam considerados profissionais, era o direito adquirido. Antes da regulamentação, o Jornalismo não era profissão, era um ofício, uma coisa quase romântica. Assim, uma vez regulamentados, nós mesmos começamos a sentir a necessidade de uma faculdade de Jornalismo aqui. E começamos reuniões para encetar essa idéia, dentro das próprias redações, onde jornalistas como Jusumar Viana, William Tejo e Ismael Marinho foram os grandes defensores da causa.
Conseguimos o que desejávamos, e um curso prático de Jornalismo, a primeira grande iniciativa para abertura de uma faculdade de Comunicação na região, começou dentro do Departamento de Filosofia da Furne. A universidade contratou professores de Natal e do Recife, que ministraram para aquelas pessoas que já atuavam na área. Tenho o prazer e o carinho de ter em casa o diploma, porque participei da primeira turma desse curso. Anos depois o curso de Comunicação Social estava estruturado e, como a Lei das Diretrizes e Bases da Educação permitia que profissionais lecionassem nas faculdades, os primeiros professores não eram catedráticos, até porque aqui mesmo não tinha, mas sim profissionais. Assim foi que entrei, para ministrar Legislação e Ética, já que eu também era formado em Direito.
JP: Estando há tanto tempo na vida acadêmica, como avalia a qualidade da formação que os jornalistas recebem nas faculdades paraibanas, UEPB, UFPB e FIP?
Se a gente for apontar, as deficiências são gritantes, por conta da própria evolução e da cobrança do mercado. Mas, mesmo assim, temos espalhados pelo Brasil inteiro profissionais gabaritados, que saíram daqui da Paraíba. Pessoas que já tinham o dom do Jornalismo, e que nas faculdades apenas aperfeiçoaram-se. É bem verdade que há outros que nem deveriam ter passado por aqui por perto, porque não tinham nada a ver com a coisa. Por isso, pode parecer paradoxal, mas defendo que deveria haver para a Comunicação uma pré-seleção, para coibir a entrada de tantas pessoas que entram no curso acidentalmente, apenas porque querem um diploma. Aliás, isso reporta àquela velha discussão da exigência do diploma, que habilita a pessoa, mas não qualifica; dá a habilitação legal, mas, só o fato de o sujeito ter um diploma de jornalista, não quer dizer que ele seja jornalista.
JP: Mas o senhor é a favor da exigência do diploma?
Em 1967, fui atraído por um anúncio no Diário da Borborema: “Precisa-se de repórter”. Eu era um curioso, gostava de rádio, de jornal, e me candidatei à vaga. Aí fui ser foca, auxiliando o repórter Fernando Valack, que foi quem implantou o jornalismo policial especializado em Campina. Naquele tempo, era assim, o jornalista era formado dentro da redação, começava como foca, cada profissional tinha um foca, que ia aprendendo com ele, até que estivesse apto a passar a escrever suas próprias matérias. Fiquei sendo foca até o dia em que Valack tomou uma cana grande e não pode fechar a página, e tive que fazê-lo. Foi esse o meu batismo, confesso que tremi nas bases.
JP: A Economia e o Direito são profissões que, naquela época principalmente, gozavam de maior prestígio e poderiam ter lhe trazido maior retorno financeiro. Que paixão foi essa que lhe prendeu ao Jornalismo?
Sempre digo que, apesar de hoje existirem as faculdades, Jornalismo é um dom, com o qual você já nasce. Na faculdade, a pessoa apenas aprimora, conhece as técnicas. Mas as faculdades não fazem jornalistas, porque o sujeito tem que nascer jornalista. Não me arrependo da escolha que fiz, e se estivesse começando hoje, faria tudo de novo, agora com a vantagem de ter uma escola para me ensinar algumas coisas que tive que aprender já no batente, no dia a dia.
JP: Como foi sua trajetória dentro do Diário da Borborema?
Quando me deparei com o fato de estar dentro do Diário, comprei um livro de Natalício Norberto, chamado Jornalismo sem mestre, e fui estudar o que era o jornalismo. Descobri-me dentro daquilo que eu gostaria de fazer da vida. Daí para a frente as coisas aconteceram gradativamente. Após três ou quatro meses como foca, passei a repórter, depois chefe de reportagem, o que já foi uma grande conquista, em seguida secretário de redação, editor, diretor comercial e, finalmente superintendente do Diário. Foi nesse tempo que ingressei na luta de classe, fui titular da delegacia do Sindicato dos Jornalistas da Paraíba em Campina Grande, participei de congressos no Brasil inteiro, e até cheguei a ser preso em Alagoas, durante um desses congressos.
JP: De que modo aconteceu sua entrada na vida acadêmica?
Nós, que estávamos no batente, fomos beneficiados pela lei que regulamentou a atividade profissional de jornalista, em 1967, que determinava que aqueles que exercessem o Jornalismo até dois anos antes da promulgação da lei, seriam considerados profissionais, era o direito adquirido. Antes da regulamentação, o Jornalismo não era profissão, era um ofício, uma coisa quase romântica. Assim, uma vez regulamentados, nós mesmos começamos a sentir a necessidade de uma faculdade de Jornalismo aqui. E começamos reuniões para encetar essa idéia, dentro das próprias redações, onde jornalistas como Jusumar Viana, William Tejo e Ismael Marinho foram os grandes defensores da causa.
Conseguimos o que desejávamos, e um curso prático de Jornalismo, a primeira grande iniciativa para abertura de uma faculdade de Comunicação na região, começou dentro do Departamento de Filosofia da Furne. A universidade contratou professores de Natal e do Recife, que ministraram para aquelas pessoas que já atuavam na área. Tenho o prazer e o carinho de ter em casa o diploma, porque participei da primeira turma desse curso. Anos depois o curso de Comunicação Social estava estruturado e, como a Lei das Diretrizes e Bases da Educação permitia que profissionais lecionassem nas faculdades, os primeiros professores não eram catedráticos, até porque aqui mesmo não tinha, mas sim profissionais. Assim foi que entrei, para ministrar Legislação e Ética, já que eu também era formado em Direito.
JP: Estando há tanto tempo na vida acadêmica, como avalia a qualidade da formação que os jornalistas recebem nas faculdades paraibanas, UEPB, UFPB e FIP?
Se a gente for apontar, as deficiências são gritantes, por conta da própria evolução e da cobrança do mercado. Mas, mesmo assim, temos espalhados pelo Brasil inteiro profissionais gabaritados, que saíram daqui da Paraíba. Pessoas que já tinham o dom do Jornalismo, e que nas faculdades apenas aperfeiçoaram-se. É bem verdade que há outros que nem deveriam ter passado por aqui por perto, porque não tinham nada a ver com a coisa. Por isso, pode parecer paradoxal, mas defendo que deveria haver para a Comunicação uma pré-seleção, para coibir a entrada de tantas pessoas que entram no curso acidentalmente, apenas porque querem um diploma. Aliás, isso reporta àquela velha discussão da exigência do diploma, que habilita a pessoa, mas não qualifica; dá a habilitação legal, mas, só o fato de o sujeito ter um diploma de jornalista, não quer dizer que ele seja jornalista.
JP: Mas o senhor é a favor da exigência do diploma?
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Com certeza, porque ele habilita a pessoa. Assim como para ser motorista não basta saber dirigir, por melhor que se dirija, mas tem que possuir a habilitação de um órgão idôneo para isso, do mesmo modo é no Jornalismo. O cara sai por aí dizendo que é jornalista, mas quem o habilitou para isso?
JP: O senhor viveu dentro da redação os anos de repressão da ditadura militar. A gente sabe como era a repressão no País, mas, aqui na nossa região, essa realidade opressora era percebida no dia a dia das redações?
Com certeza. Nós vivíamos sempre em constante estado de tensão, vendo a hora a redação ser invadida por uma patrulha do exército e algum de nós levado para ser interrogado. Eu mesmo fui umas seis vezes ao quartel, por conta de tolices. Uma vez, por exemplo, prenderam aqui um ladrão de carros, chamado Charita, e na matéria que escrevi sobre esse sujeito, tinha uma passagem que informava que ele cultivava em casa alguns pés de maconha. Por causa disso fui levado ao quartel, e me disseram que não deveria ter dado essa informação porque estaria fomentando o uso e o cultivo de drogas por outros jovens.
Quando eu era gerente comercial do Diário, um cidadão colocou um aviso que queria vender uma espingarda, nesse tempo qualquer pessoa podia possuir uma espingarda em casa. Pois não é que um camarada aqui do exército entendeu que aquilo era um código para os comunistas se comunicarem? E, por causa disso, fui levado retido até que o homem do anúncio apareceu, um agricultor pobre, que queria vender a espingarda porque a mulher estava doente. Além disso, por exemplo, o nome do bispo de Campina Grande não podia ser veiculado no jornal, não podia se falar de dom Hélder Câmara. Marcos Tavares uma vez foi levado ao quartel porque ia haver um show de Chico Buarque e Marcos publicou isso, sendo que também era proibido falar de Chico Buarque. Freqüentemente recebíamos listas com nomes de pessoas que não podia ser noticiadas. Sempre havia um censor dentro da redação. Tinha um certo Major Câmara, de triste memória, que era uma verdadeira besta-fera aqui em Campina Grande.
JP: No contraponto desse quadro, hoje vivemos um estado democrático. Mas, na realidade paraibana, existe efetivamente liberdade de imprensa ou uma mera liberdade de empresa?
A gente não vive liberdade de imprensa coisa nenhuma. Temos aqui é uma pantomímica, um faz de conta que é, mas que não existe essa liberdade de imprensa. O que há é essa liberdade de empresa. Empresas essas que, aliás, não são dirigidas por empresários da comunicação, e sim empresários de outros ramos, que usam os meios de comunicação para interesses próprios, com honrosas exceções... se bem que nem sei quais são essas exceções que possa citar. Isso torna muito difícil a realidade do comunicador, por isso costumo dizer que o camarada, para ser jornalista, precisa ser muito mais ético que antigamente.
Se essa liberdade nunca existiu, hoje vejo que está pior ainda, porque a informação tornou-se exclusivamente uma mercadoria, direcionada conforme os interesses das empresas de comunicação, e do próprio poder estabelecido. Antigamente a interferência financeira dos governos era diminuta, menos mesmo que a venda avulsa, diferente de hoje. Veja-se o caso das rádios comunitárias, que estão nas mãos dos políticos, e que se não se deixarem ser um instrumento de manipulação, são fechadas. Eu sei que há essa liberdade constitucional, mas na prática, que liberdade é essa?
JP: Há uma expressão, atribuída como de sua autoria, que impregnou-se na memória daqueles que foram seus alunos: ética da barriga. O que é a ética da barriga?
Epicuro disse que a ética é uma questão pessoal, que você pode viver em um mundo anti-ético, e mesmo assim ser ético. A ética da barriga é o seguinte: nós, comunicadores, temos ideais éticos que são inerentes a nossa personalidade, entretanto, muitas vezes, no mercado de trabalho, nos deparamos com uma realidade contrária àquilo em que acreditamos, que fere nossa convicções. Mas temos que sobreviver, e por isso assinamos um contrato de trabalho com uma empresa que tem posições contrárias as nossas, e fazemos nosso trabalho seguindo a linha editorial dessa empresa, sem que isso fira minhas convicções. Afinal, somos profissionais, e temos que trabalhar para sobreviver.
JP: O senhor é daqueles que sonham com a aposentadoria ou pretende ficar como um decano da faculdade de Comunicação Social da UEPB?
Vou lhe dizer que pretendo resistir até o fim. Enquanto eu tiver energia e disposição para aprender – nunca digo ensinar, porque a gente aprende junto, num processo de simbiose que se dá em sala de aula – vou ficando por aqui, porque ainda há muita coisa para aprender.
Com certeza, porque ele habilita a pessoa. Assim como para ser motorista não basta saber dirigir, por melhor que se dirija, mas tem que possuir a habilitação de um órgão idôneo para isso, do mesmo modo é no Jornalismo. O cara sai por aí dizendo que é jornalista, mas quem o habilitou para isso?
JP: O senhor viveu dentro da redação os anos de repressão da ditadura militar. A gente sabe como era a repressão no País, mas, aqui na nossa região, essa realidade opressora era percebida no dia a dia das redações?
Com certeza. Nós vivíamos sempre em constante estado de tensão, vendo a hora a redação ser invadida por uma patrulha do exército e algum de nós levado para ser interrogado. Eu mesmo fui umas seis vezes ao quartel, por conta de tolices. Uma vez, por exemplo, prenderam aqui um ladrão de carros, chamado Charita, e na matéria que escrevi sobre esse sujeito, tinha uma passagem que informava que ele cultivava em casa alguns pés de maconha. Por causa disso fui levado ao quartel, e me disseram que não deveria ter dado essa informação porque estaria fomentando o uso e o cultivo de drogas por outros jovens.
Quando eu era gerente comercial do Diário, um cidadão colocou um aviso que queria vender uma espingarda, nesse tempo qualquer pessoa podia possuir uma espingarda em casa. Pois não é que um camarada aqui do exército entendeu que aquilo era um código para os comunistas se comunicarem? E, por causa disso, fui levado retido até que o homem do anúncio apareceu, um agricultor pobre, que queria vender a espingarda porque a mulher estava doente. Além disso, por exemplo, o nome do bispo de Campina Grande não podia ser veiculado no jornal, não podia se falar de dom Hélder Câmara. Marcos Tavares uma vez foi levado ao quartel porque ia haver um show de Chico Buarque e Marcos publicou isso, sendo que também era proibido falar de Chico Buarque. Freqüentemente recebíamos listas com nomes de pessoas que não podia ser noticiadas. Sempre havia um censor dentro da redação. Tinha um certo Major Câmara, de triste memória, que era uma verdadeira besta-fera aqui em Campina Grande.
JP: No contraponto desse quadro, hoje vivemos um estado democrático. Mas, na realidade paraibana, existe efetivamente liberdade de imprensa ou uma mera liberdade de empresa?
A gente não vive liberdade de imprensa coisa nenhuma. Temos aqui é uma pantomímica, um faz de conta que é, mas que não existe essa liberdade de imprensa. O que há é essa liberdade de empresa. Empresas essas que, aliás, não são dirigidas por empresários da comunicação, e sim empresários de outros ramos, que usam os meios de comunicação para interesses próprios, com honrosas exceções... se bem que nem sei quais são essas exceções que possa citar. Isso torna muito difícil a realidade do comunicador, por isso costumo dizer que o camarada, para ser jornalista, precisa ser muito mais ético que antigamente.
Se essa liberdade nunca existiu, hoje vejo que está pior ainda, porque a informação tornou-se exclusivamente uma mercadoria, direcionada conforme os interesses das empresas de comunicação, e do próprio poder estabelecido. Antigamente a interferência financeira dos governos era diminuta, menos mesmo que a venda avulsa, diferente de hoje. Veja-se o caso das rádios comunitárias, que estão nas mãos dos políticos, e que se não se deixarem ser um instrumento de manipulação, são fechadas. Eu sei que há essa liberdade constitucional, mas na prática, que liberdade é essa?
JP: Há uma expressão, atribuída como de sua autoria, que impregnou-se na memória daqueles que foram seus alunos: ética da barriga. O que é a ética da barriga?
Epicuro disse que a ética é uma questão pessoal, que você pode viver em um mundo anti-ético, e mesmo assim ser ético. A ética da barriga é o seguinte: nós, comunicadores, temos ideais éticos que são inerentes a nossa personalidade, entretanto, muitas vezes, no mercado de trabalho, nos deparamos com uma realidade contrária àquilo em que acreditamos, que fere nossa convicções. Mas temos que sobreviver, e por isso assinamos um contrato de trabalho com uma empresa que tem posições contrárias as nossas, e fazemos nosso trabalho seguindo a linha editorial dessa empresa, sem que isso fira minhas convicções. Afinal, somos profissionais, e temos que trabalhar para sobreviver.
JP: O senhor é daqueles que sonham com a aposentadoria ou pretende ficar como um decano da faculdade de Comunicação Social da UEPB?
Vou lhe dizer que pretendo resistir até o fim. Enquanto eu tiver energia e disposição para aprender – nunca digo ensinar, porque a gente aprende junto, num processo de simbiose que se dá em sala de aula – vou ficando por aqui, porque ainda há muita coisa para aprender.
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Lenildo Ferreira
6 comentários:
Aguiar quer mesmo é dar aulas em teleconferência, do alpendre de sua fazenda, em Gado Bravo!!
Gostei muito da entrevista, muito fiel à criatura que conhecemos.
Um abração
Imagino se as pessoas que leram sua entrevista conseguiram captar a personalidade única da figura de Aguiar...
O conceito de ética de barriga e a questão do dom para o jornalismo são os pontos mais importantes da entrevista e que deveriam sempre ser discutidos, afinal, são eles que definem o caráter e a qualidade dos jornalistas, e nesses depois pontos, eles não podem pecar.
Parabéns e um grande abraço!.. :)
Mais uma vez, uma entrevista bacana! Aguiar tem um jeito muito peculiar de falar que me lembra meu avô.
Talvez por isso eu goste tanto dele, e essa entrevista foi reveladora!
Lenildo
Bela historia esta do sr Aguiar.
É verdade quando ele fala que Jornalismo é um dom, com o qual você já nasce. Na faculdade, a pessoa apenas aprimora,
Eu trabalho com repórter a 15 anos, sou motorista de redação de um jornal em Brasília,
quando um foca entra no meu carro com uma hora de conversa já imagino se ele tem dom pra repórter.
Abraço,Luís.
li e adorei a entrevista deste grande homem que ficara para sempre na minha memória como o meu diretor da faculdade de jornalismo da UEPB. Aguiar, eu te dei muita dor de cabeça com a cristina laura mas voce não imagina como estou emocionado de conhecer um pouco mais de sua gloriosa vida. lembranças
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